sexta-feira, 22 de julho de 2011

Se todos expressassem seus sentimentos e seguissem seus sonhos, não haveria psiquiatra e muito menos hospício, o prazer de um homem é se entregar aos prazeres da vida, não deve existir vergonha no prazer, a todo o momento pessoas deixam se existir por terem excesso de bom senso.
Todos os desejos que reprimimos invadem nossas vias sanguíneas nos envenenando pouco a pouco, ate que a tristeza e monotonia dominem nosso corpo e alma.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

"Só os neuróticos verão a Deus"


Tenho pensando demais em dinheiro e sucesso. Não porque eu os tenha em excesso (haveria uma "quantidade justa" de dinheiro e sucesso?), mas porque, sem eles, somos afogados no sentimento da inexistência. Talvez por isso tanta conversa fiada sobre sermos honestos e desapegados quando, na realidade, em silêncio, babamos por dinheiro e sucesso.

Haverá amor sem dinheiro e sucesso, ou terá razão o grandioso Nelson Rodrigues quando diz que dinheiro compra até amor verdadeiro? Aqui, ele fala a anos-luz de distância da sensibilidade infantil da classe média e de seu marketing da ética que assola o mundo.

Quando me afundo na agonia, tenho dois profetas: Nelson Rodrigues e Fiodor Dostoiévski. Diante deles, sou um anão de Velásquez.

À noite, ouço a voz do demônio do ceticismo me chamando para o seu país da solidão e sua aridez de três desertos.

Um dos efeitos clínicos do ceticismo é a indiferença para com o que os outros pensam. Num mundo do marketing, que faz da vida um baile da monarquia francesa decadente do final do século 18, a indiferença para com o que os outros pensam é uma forma de ascese. Mas, como toda ascese, é uma danação.

Faz mal pensar em dinheiro e sucesso. Meu Deus, que escravidão! Onde me perdi?

Talvez na infância, quando percebi que o mundo não só é indiferente a nós, mas que nossa mãe é também uma pobre carente de amor e que nosso pai (quando existe pai, porque pai é produto da indústria do luxo) é um coitado esmagado pela carência não só de amor, mas também de dinheiro e de sucesso.

Tornei-me esse ser obscuro e muitas vezes cínico cedo demais. Digo sempre aos meus alunos que tomem cuidado com excessos de ceticismo na juventude, porque ele facilmente deforma a face, e quando se é jovem a face ainda é o espelho da alma.

Hoje estou em companhia de Nelson Rodrigues e sua sublime obsessão pela alma atormentada. Há dias o leio e releio, assim como quem toma um remédio acima da dose, tropeçando na água, por pura pressa de ver o mundo, de novo, por trás de sua membrana opaca. À diferença de Kant, Nelson sim conhecia a "coisa em si".

Sua peça "Bonitinha, Mas Ordinária" é essencialmente dominada pela angústia moral dostoievskiana. Nela, o herói, Edgar, é atormentado pela famosa frase, supostamente de Otto Lara Resende, "mineiro só é solidário no câncer".

Segundo a fortuna crítica, esta sentença niilista seria, por sua vez, semelhante a uma de Ivan Karamazov: "Se Deus não existe, tudo é permitido"; se não há Deus, não há impedimento absoluto contra o que quisermos fazer.

Se o mineiro só é solidário no câncer, é porque sua solidariedade não passa de um gozo secreto pela miséria do "amigo" doente. Se a única solidariedade possível é essa, então não há solidariedade de fato, logo, não há esperança para o mundo.

Ambas as frases decretariam o niilismo como condição amoral do mundo. E o niilismo não é uma brincadeira de adolescente que atropela gatos com sua bicicleta, é um fardo, um fado, um problema filosófico, para alguns, o maior dos séculos 19 e 20, que reuniu ao seu redor gente como Nietzsche, Freud, Schopenhauer, Dostoiévski, Turguêniev, Cioran, Bernanos, Berdiaev e o próprio Nelson.

Não é o drama do "serial killer" de TV. É o drama do policial honesto diante da inexistência do bem como forma de ordenamento do mundo.
Não pressinto o niilismo quando escrevo por aí poemas ruins sobre a agonia dos pobres nas ruas, pressinto o niilismo quando sei que esses poemas são mentiras na forma de marketing da ética, uma especialização do recém-criado "personal marketing". Ambos logo serão um MBA na área de recursos humanos.

Certa feita, falando sobre sua peça "Bonitinha, Mas Ordinária", Nelson disse (respire fundo): "A nossa opção, repito, é entre a angústia e a gangrena. Ou o sujeito se angustia ou apodrece. E, se me perguntarem o que eu quero dizer com minha peça, eu responderia: que só os neuróticos verão a Deus".

Bem-aventurados os de sorriso raro e de beleza tímida. Bem-aventurados os que se desesperam, mas não desistem, porque deles é o reino dos céus.

Textto de: Luiz Felipe Pondé

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Lute! Por algumas coisas


E todo mundo corre sem direção
Atropelando uns aos outros
Porem ninguém sabe aonde quer chegar

Não existe caminho certo
Não existe caminho certo

Todos querem chegar ao topo
Mais poucos chegam
E alguns caem precipício abaixo
E a dor é constante

Não adianta se culpar
Não adianta se culpar

Vidas são destruídas
Sem nenhum ressentimento
Ninguém liga pra isso
Todos são iguais

A bala que perfura o coração de um
É a mesma disparada por um ser sem coração
E ninguém se preocupa com nada
As pessoas continuam seu caminho sem olhar para trás
Também não adiantaria
E daqui a uns anos tudo passa
Tudo é esquecido
E as pessoas continuam atropelando umas a outras

Estou cansada de tanta injustiça
Alguém por favor, faça alguma coisa

E tudo vira lixo
Tudo por fim é dinheiro
E ninguém faz nada pra mudar isso
Vidas vão se corrompendo
E a dor que não passa
Crianças passam fome
E assim continua o ciclo da vida
Não adianta desviar
Ela vem pra cima de você
E tudo acaba num precipício