terça-feira, 29 de março de 2011

Vergonha, indignação...

Pessoas pobres são vistas como um animal e são tratadas como tal, não damos espaço para as mesmas tentar melhorar de vida, elas não tem acesso a saúde, educação, são pessoas que só existem quando praticam delitos... Essas pessoas estão jogadas igual lixo, elas são o defeito o problema da sociedade, as mesmas que buscam uma oportunidade de emprego hoje, cansada de ouvir “não”, cansada de ser mal tratadas por nos, elas vão matar, sequestrar e roubas nossas famílias amanha.

A culpa da violência é do governo? Não!

A culpa dessa violência toda do mundo hoje é unicamente resultado do nosso desprezo e descaso com esses seres humanos que igual a nos um dia tiveram sonhos, vontade de construir uma família e viver em paz, mas nos que nem tentamos oferecer uma oportunidade nas nossas empresas, escolas, contribuímos para formar um monstro, um assaltante, um assassino. Não estou defendendo criminosos, não sinto pena por eles, sinto tristeza por nos, não sabemos tratar e valorizar as pessoas, se nos que tivemos oportunidades melhores não pensamos no próximo, porque o criminoso que sempre foi mau tratado e visto como bicho vai ter pena de alguém, ele simplesmente esta agindo como pensamos que eles são: um bando de animais, sem sentimentos, qualidades e caráter, animais irracionais que age somente com o instinto, a procura de satisfazer suas necessidades sem pensar nas conseqüências. Chorei quando vi esse vídeo... Uma simples criança inocente ou não, mas que no momento da agressão não desferiu nenhuma reação apenas abaixou a cabeça tentando se defender, o que foi inútil, um covarde usando uma farda que deveria defender e cuidar dos nossos adolescentes e crianças, simplesmente deu um tiro e que no momento desse ato deplorável não esboçou nenhuma reação de pena ou arrependimento. Essa mesma criança agredida se não ter um acompanhamento psicológico, tem uma grande chance de ser um criminoso amanha, pois, garanto que ela não vai ter nenhuma admiração e respeito com esses (policiais) que um dia o torturou, humilhou, e não vai pensar duas vezes em se vingar dessa sociedade que um dia o fez sentir fraco, essa vai ser a maneira que talvez pra ele ira provar que ele não é um “FRACO”.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Sobre como da morte brota a vida

“E O CADÁVER que você plantou no seu jardim, já começou a brotar? Pode ser que cada sepultura seja um jardim!”
Sou antropófago. Devoro livros. Quem me ensinou foi Murilo Mendes: livros são feitos com a carne e o sangue dos que os escreveram. Os hábitos de antropófago determinam a maneira como escolho livros.
Só leio livros escritos com sangue. Depois que os devoro deixam de pertencer ao autor. São meus porque circulam na minha carne e no meu sangue.
É o caso do conto “O afogado mais bonito do mundo”, de Gabriel García Marquez. Ele escreveu. Eu li e devorei. Agora é meu. Eu o reconto.
É sobre uma vila de pescadores perdida em um nenhum lugar, o enfado misturado com o ar, cada novo dia já nascendo velho, as mesmas palavras ocas, os mesmos gestos vazios, os mesmos corpos opacos, a excitação do amor sendo algo de que ninguém mais se lembrava…
Aconteceu que, num dia como todos os outros, um menino viu uma forma estranha flutuando longe no mar. E ele gritou. Todos correram. Num lugar como aquele até uma forma estranha é motivo de festa. E ali ficaram na praia, olhando, esperando. Até que o mar, sem pressa, trouxe a coisa e a colocou na areia, para o desapontamento de todos: era um homem morto.
Todos os homens mortos são parecidos porque há apenas uma coisa a se fazer com eles: enterrar. E naquela vila o costume era que as mulheres preparassem os mortos para o sepultamento. Assim, carregaram o cadáver para uma casa, as mulheres dentro, os homens fora. E o silêncio era grande enquanto o limpavam das algas e liquens, mortalhas verdes do mar.
Mas, repentinamente, uma voz quebrou o silêncio. Uma mulher balbuciou: “Se ele tivesse vivido entre nós, ele teria de ter curvado a cabeça sempre ao entrar em nossas casas. Ele é muito alto…”.
Todas as mulheres, sérias e silenciosas, fizeram sim com a cabeça.
De novo o silêncio profundo, até que outra voz foi ouvida. Outra mulher… “Fico pensando em como teria sido a sua voz… Como o sussurro da brisa? Como o trovão das ondas? Será que ele conhecia aquela palavra secreta que, quando pronunciada, faz com que uma mulher apanhe uma flor e a coloque no cabelo?”
E elas sorriram e olharam umas para as outras.
De novo o silêncio. E, de novo, a voz de outra mulher… “Essas mãos… Como são grandes! Que será que fizeram? Brincaram com crianças? Navegaram mares? Travaram batalhas? Construíram casas? Essas mãos: será que elas sabiam deslizar sobre o rosto de uma mulher, será que elas sabiam abraçar e acariciar o seu corpo?”
Aí todas elas riram que riram, suas faces vermelhas, e se surpreenderam ao perceber que o enterro estava se transformando numa ressurreição: um movimento nas suas carnes, sonhos esquecidos, que pensavam mortos, retornavam, cinzas virando fogo, desejos proibidos aparecendo na superfície de sua pele, os corpos vivos de novo e os rostos opacos brilhando com a luz da alegria.
Os maridos, de fora, observavam o que estava acontecendo e ficaram com ciúmes do afogado, ao perceberem que um morto tinha um poder que eles mesmos não tinham mais. E pensaram nos sonhos que nunca haviam tido, nos poemas que nunca haviam escrito, nos mares que nunca tinham navegado, nas mulheres que nunca haviam desejado.
A estória termina dizendo que finalmente enterraram o morto. Mas a aldeia nunca mais foi a mesma…

Texto de Rubem Alves publicado originalmente na Folha de S.Paulo

terça-feira, 15 de março de 2011


Não consigo viver em ti
Respirar sem sentido é o que faço quando você esta longe
Prefiro então um sono profundo e duradouro
A escuridão sem luz no fim do túnel
Desejo então viver ao seu lado
Faço o impossível para não ser deixada