Para os amargos, os heróis e os loucos sempre foram fascinantes: eles não têm medo de viver ou morrer. Tanto os heróis como os loucos são indiferentes diante do perigo, e seguem adiante.
O louco se suicida, o herói se oferece ao martírio em nome de uma causa – mas ambos morrem, e os amargos passam muitas noites e dias comentando o absurdo e a glória dos dois tipos.
É o único momento em que o amargo tem força para galgar sua muralha de defesa e olhar um pouquinho para fora; mas logo as mãos e os pés cansam, e ele volta para a vida diária.
O amargo crônico só nota a sua doença uma vez por semana: nas tardes de domingo. Ali, como não tem o trabalho ou a rotina para aliviar os sintomas, percebe que alguma coisa está muito errada – já que a paz destas tardes é infernal, o tempo não passa nunca, e uma constante irritação manifesta-se livremente.
Mas a segunda-feira chega, e o amargo logo esquece os seus sintomas – embora externamente blasfemando contra o fato de que nunca tem tempo para descansar, e os fins de semana passam muito rápido.
A única grande vantagem da doença, do ponto de vista social, é que já se transformara numa regra. Os amargos não constituem uma ameaça à sociedade, já que – por causa das altas muralhas construídas ao redor de si mesmos – estão totalmente isolados do mundo, embora pareçam partilhar dele.
Imagino que os amargos sofram, sofram sem saber como buscar ajuda. Muitas vezes eles se queixam, contam sua amargura para as pessoas, mas soa chato, poucos percebem aquilo como um pedido de ajuda.
ResponderExcluirEu conheço uma pessoa amarga, ela vive comigo, e eu não sei como ajudá-la pois ela vive a se queixar da vida (sobretudo no domingo, é verdade) mas ela só faz isso. Quando eu digo-lhe as mudanças que deveria fazer na sua vida, e digo com muita paciência, ela ignora e segue queixando-se da vida cruel e injusta. E na segunda-feira tudo parece bem... Até o próximo domingo.
Ninguém pode ajudar quem não quer ajuda. Se você quiser tudo fica mais fácil.
DE CARA ME IDENTIFIQUEI COM SEU BLOG PELO POEMA DE PAULO COELHO
ResponderExcluirVOU PUBLICA-LO TAMBÉM
É IMPRECIONANTE O NÚMEROS DE BIPOLARES COM BLOGS
ACHO Q ELES FUNCIONAM COMO TERAPIA PRA VCS
EU TENHO TRANSTORNO DO PÂNICO
E ME CHAMO PATRÍCIA
PRAZER!
"Porque eu sou forte e deixo marcas pelo chão".
ResponderExcluirUm blog que me leva a perceber o quanto próximos os pensamentos humanos estão. O quão ligados são nossos sentimentos. São imprevisíveis, são singulares, mas permeam a vida de um ser, em algum momento de sua vida.
Bem vinda á bipolaridade comum. Bem vinda ao mundo dos incomuns, dos loucos. Onde quem não suporta, é jogado em manicômio. E os demais, se julgam tão superiores?!
Nossa fragmentação formam nosso caráter. Parabéns por se conhecer tão bem, a ponto de afirmar ser falha ;)